Plano Hartz: A Reforma Trabalhista da Alemanha
- Daniela Quaglia
- 13 de mai. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de mai. de 2020
Em tempos em que se discute a reforma trabalhista no Brasil, o estudo do direito comparado é extretamente positivo para se ter visão de como outros países enfrentaram situações similares.
No caso da Alemanha, final dos anos 90, o país vivenciou uma de suas piores crises financeiras. Mudanças na economia foram necessárias, resultando alterações nas regras trabalhistas.
Um dos programas responsáveis por tais reformas, o Agenda 2010, liderado pelo ex- chanceler alemão Gerhard Schröder, incluiu o Plano Hartz, que levou o nome de um dos seus conselheiros, o executivo da Volkswagen, Peter Hartz, com quem Schröder desenvolveu as reformas do mercado de trabalho.
O projeto foi planejado e implementado em quatro fases, entre janeiro de 2004 e janeiro de 2005. Resumidamente, tratou das seguintes alterações:
Hartz I . A lei passou a permitir contratos de trabalho mais flexíveis. A legislação anterior era rígida de modo que as contratações eram quase que vitalícias. As novas regras autorizaram a terceirização de trabalhadores temporários, intermediadas por agências de emprego alemãs, geridas por organizações privadas. Todavia, ficou estabelecido que os terceirizados deveriam ter garantidos os mesmos benefícios dos trabalhadores permanentes, incluindo a mesma remuneração e igual tratamento dentro da empresa.
Hartz II. Criou-se o termo “minijobs” para os empregos de tempo parcial, remunerados por hora, com limite de 15 (quinze) horas semanais e salário máximo de 450 euros. Neste regime os trabalhadores não pagariam impostos, mas teriam direito ao seguro saúde, enquanto que os empregadores pagariam menos encargos sociais por empregado. Fundou-se, também nessa segunda etapa, o Ich-AG, um programa de financiamento para que desempregados pudessem abrir empresas individuais.
Hartz III. Criou-se uma agência federal com modelo de funcionamento simplificado: registro do trabalhador desempregado, treinamento e suporte para recolocação no mercado de trabalho.
Hartz IV. Certamente foi e ainda é a mais discutida de toda a reforma. Até 2004, existiam dois tipos de benefícios para manutenção dos meios de sobrevivência de pessoas desempregadas: auxílio desemprego e a assistência social. O Hartz 4 reuniu em um só pagamento ambos benefícios, ao mesmo tempo que diminuía o período de recebimento do auxílio de 24 para 12 meses. O plano também condicionou a manutenção do benefício à comprovação efetiva de candidaturas às oportunidades de trabalho abertas.
O plano do ex-chanceler Gerhard Schroeder, o Agenda 2010, também instituiu reformas nos planos de saúde, na aposentadoria e nos seguros.
Especialistas no assunto constantemente discutem se os objetivos das reformas foram bem sucedidos. Alguns defendem a tese de que houve um conflito com a ideologia, momento em que gerou-se uma "pressão para o trabalho", bem como a criação de um setor com baixos salários. Outros, como a própria chanceler Angela Merkel, se manifestam defensores da reforma. Como ela mesma disse: “Gostaria de agradecer pessoalmente o chanceler Schröder pela coragem e determinação com que ele abriu uma porta com a Agenda 2010.”[1]
Independente das respostas, notória é a melhoria da economia do país. Em 2016, o número anual médio de desempregados ficou em 2,7 milhões (6,1%), enquanto que em 2005 esse número era de 4,9 milhões (11,7%).
Sítios Consultados:
Centre for Policy Studies
https://www.cps.org.uk/files/reports/original/141024133732-TheHartzReforms.pdf - acesso em 13.07.2017.
Centre for Public Impact – A BCG Foundation
https://www.centreforpublicimpact.org/case-study/hartz-reform/ - acesso em 12.07.2017.
Deutsche Welle
http://www.dw.com/pt-br/reforma-do-mercado-de-trabalho-e-sistema-social-alem%C3%A3o-completa-dez-anos/a-16668492 - acesso em 13.07.2017.
Bundeszentrale für politische Bildung
http://www.bpb.de/nachschlagen/zahlen-und-fakten/soziale-situation-in-deutschland/61718/arbeitslose-und-arbeitslosenquote - acesso em 13.07.2017.
The Guardian
https://www.theguardian.com/commentisfree/2013/jan/01/germany-hartz-reforms-inequality – acesso em 14.07.2017.
[1] Deutscher Bundestag Stenografischer Bericht 4. Sitzung (PDF; 1,0 MB). Plenarprotokoll 16/4, 30. November 2005, S. 78.
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